Hoje bateu-me uma curiosidade sobre coisas antigas... Talvez por ter ido no colégio que estudei 14 anos e lembrar-me dos melhores momentos da minha vida, e/ou pela mera curiosidade de saber como foi viver a 40 anos atrás. Objetos, casas, monumentos históricos e ditados foram coisas que sempre chamaram muito minha atenção.
Na intenção de descobrir antigas gírias, conversei com o Seu Mauricio de 60 anos, nascido em SP mas criado entre o Ribeirão da Ilha e o Saco dos Limões, ambos bairros tradicionais da grande Florianópolis. Ele me contou diversas acontecimentos de sua vida e admitiu que era um 'arigó'. Sem entender a palavra, indaguei: 'O que o senhor era?'
Ele, muito rápido, respondeu: 'Ué, não querias saber gírias? Pois então.. aí é umas delas. Isso significa ser um 'mané', mas não esses manés de hoje em dia. Arigó era alguém meio desligado das atualidades, ingênuo à um certo ponto de vista.'
Curiosa, pedi que me contasse mais sobre essas gírias.
Ele me disse algumas, como:
Mariquinha: meninos que só andavam com as meninas;
Mauricinho: menino muito arrumadinho pela mãe;
Help: quando pegavam recuperação na escola;
Piriquito: homem quando entrava no exército;
Cida Batalhão: mulheres que esperavam os 'piriquitos' no portão do exército;
Muvuco: população.
Bom, essa foi a opinião de um homem que nasceu em 1949, quando nem a televisão havia chego em sua casa. Ele disse que viu a primeira transmissão enquanto ocorria um jogo da Copa em 1958!
Conversei também com Márcia, senhora de 54 anos, nascida e criada em Canoinhas, norte do estado de Santa Catarina.
A jovem senhora começou dizendo que sua 'máquina processadora' estava fraquinha e que talvez não pudesse me ajudar muito, mas com o passar da conversa as gírias fluiram. Ela começou me contando uma gíria que sua mãe falava, 'bocó de mola'. Disse que isso significava uma pessoa tansa. Quando perguntei sobre como elogiavam os meninos e meninas os risos correram soltos. Os meninos eram 'pão' e as meninas, as 'cocadinhas'! Disse ainda que quando os 'pão' passavam elas cantavam baixinho: 'Ele é um pão, é um pão, é um pão'. HAHAHAH
Os jogadores que se achavam os bons eram os 'pé de bicho'. Uma pessoa sensacional, rápida e perspicaz era uma 'brasa mora'. Os atrasados, desligados da vida, eram os 'faiscas atrasadas'.
Hoje, as gírias parecem mais desaforadas. Para tudo os jovens inventam uma nova maneira de se comunicar, de chamar alguém, de elogiar, ou até mesmo de chingar! Feio, catinguento, laranja, gata, brow, brother, falô, e aí, truta, sangue bom, burguesinha, entre tanto os outros.
Será que o nosso vocabulário se perderá? Será que o português sofrerá mudanças por conta dessas gírias? Creio que cabe a nós saber separar essas situações, formais e informais.
Pra tudo tem seu tempo!
Beijos e bom fim de quarta-feira não tão fria como a terça!
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL DOS ENTREVISTADOS
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