quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um menino que esperava uma carona

Uma estampa nunca mexeu tanto comigo. Olhei para um lugar que nunca olho. Vi algo que normalmente não prestaria atenção. Foram 10 segundos, ou menos, mas o suficiente para pairarem as melhores lembranças da minha vida. Foi nisso que eu pensei quando vi um menino de uns 12 anos, esperando uma carona pro colégio em que eu estudei 14 anos da minha vida. Os melhores momentos de alguém que só tinha como preocupação chegar no colégio as 7h25 e chegar em casa pro almoço as 12h30. Engraçado que o sufoco era tão grande. Levantar da cama era tão difícil. Incansáveis vezes deixei o uniforme de baixo da coberta pra já amanhecer quentinho naqueles dias de frio terríveis. Minha preocupação era ter R$ 5 para comer no Bar da Tia um pão de queijo e um suco de laranja, quando muito, R$ 10 (para as aulas que tínhamos a tarde na época do Ensino Médio). Meu dilema era ir de ônibus, numa distância que eu percorro de carro, hoje, em 4 minutos. Minha ansiedade era chegar aos dias de hoje. Ter o carro, ter o trabalho, ter o dinheiro e ter a liberdade. Agora que tenho tudo isso, sinto falta do que tinha antes. Somos todos assim mesmo? Insatisfeitos para sempre?