segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Pelo retorno



Achei que se eu parasse de escrever sobre o que se passa aqui por dentro, as expectativas seriam menores, assim como os tombos. Não foram. Eu apenas deixei de me expressar numa esperança fadada ao fracasso.

Melhor que eu me expresse. Melhor que as coisas saiam pelo menos da cabeça, já que no coração persistem. Talvez lendo, eu me entenda melhor. Talvez escrevendo, eu encontre os furos e os acertos.

Nunca é só para escrever, nunca é só para alguém ler. É sempre por alguma experiência frustrada, é sempre por uma memória gostosa.

Não travem o sentimento como eu tentei travar. Só piorou, só machucou.

Eu devo voltar por aqui com mais frequência, prometo.

domingo, 15 de junho de 2014

Aguardando a felicidade

Mentalmente eu tinha um discurso lindo e emocionante para te fazer. Eu ensaiei ele por noites e por dias que se tornaram um mês. Quando eu consegui falar, não saiu nem 25% do planejado. Acho que nem ensaio em frente ao espelho faria eu desabafar mais que esses 25%. Enfim, os 25% tinham 100 quilos, e eu estou feliz e leve por ter conseguido falar.

Estou muito triste com tudo que ouvi também, mas acredito que os anjos já não sabiam como te tirar do meu caminho. O jeito foi ir direto ao ponto. Abrir a ferida, cutucar, para ela poder fechar. Agora eu estou esperando cicatrizar. Eu sei que essas coisas demoram, e quando penso em você, acredito que vá demorar mais que os outros.

Bem na realidade, eu estou até orgulhosa de mim. Orgulhosa de conseguir expor meus sentimentos em um mundo que só Whatsapp e Facebook são medidores do coração. Se você conseguir digerir 15% desses meus 25%, pode ter certeza que eu já estarei muito bem aguardando a minha felicidade e a sua, mesmo que separadas.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Port trás da notícia - Parte II

Eu estava ocupada com alguma coisa que não deveria ser muito importante. De repente, a editora do impresso diz que receberam um e-mail sobre um crime, mas tinha que apurar, porque a história era estranha e a moça que havia enviado queria vender as fotos. Isso acontece pouco. Ok.

Fui ler o dito e-mail e me deparei com uma história bem chocante. Um homem entre 30 e 35 anos, havia sido brutalmente ferido após negar ajudar em um roubo de carro. Os ladrões teriam quebrados todos os seus dentes. O Arcanjo, equipe do Corpo de Bombeiros que utiliza um helicóptero, estaria envolvida no resgate do homem, e um dos comandantes é a minha melhor fonte, logo resolvi ligar para ele.

Durante a conversa, ele também não sabia dizer ao certo o que tinha acontecido, apenas que alguém tinha roubado um carro, batido e quis esconder o veículo no terreno do rapaz. Após negar a ação, ele foi espancado. O comandante afirmou que havia vários dentes espalhados pela casa. O homem foi imobilizado e levado para o hospital do Centro da Capital.

Até ai, tudo bem. Um caso de agressão aterrorizante, mas eu tinha todas as informações. Confirmei com a polícia também e lancei na internet. Logo depois, um amigo da polícia me avisa que passou no hospital e o boato era de que o homem além de ter todos os dentes quebrados, haviam furado seus olhos.

Agora sim, eu, que quase nunca me abalo com os casos, amoleci. Liguei novamente para o Arcanjo, e o comandante disse “espera um pouco”. Dez segundos depois, ele diz “bom, vi a foto do rapaz agora, e ele parece estar com olhos sim”. Rimos, foi inevitável. A situação é muito triste, mas a constatação foi bizarra. Ok, desliguei e mantive a matéria.

No dia seguinte, saiu no jornal impresso que sim, ele estava com os olhos perfurados. Não sei que parte, nem como o bombeiro não viu, mas acontece. Esse furo, eu não consegui dar. E, a propósito, dizem que o homem ficou cego. 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Por trás da notícia - parte I


Era um acidente sem gravidade. A ligação era apenas para registrar a ocorrência para os leitores e alertar sobre o motivo das filas naquela região. Liguei uma vez para o órgão rodoviário responsável, mas a viatura ainda estava no local do acidente, e a pessoa que estava no posto matriz (que recebe todas as ocorrências da região) não tinha mais informações. Meia hora depois, liguei novamente para o mesmo posto. Fui indicada a ligar pra o posto mais próximo ao acidente, e foi o que fiz.

Ligando lá, me avisaram que já tinham passado a ocorrência para o posto matriz, e que não iriam pegar o papel do boletim de ocorrência novamente. Fiquei agradecida pela imensa gentileza e cordialidade, desejei bom trabalho e desliguei. Respirei fundo e parti para a quarta ligação. Dei sorte que o responsável pelo posto matriz estava bem disposto. Pedi desculpa por estar ligando pela terceira vez. Pedi até que não brigasse comigo, mas eu precisava muito daquela informação – e quando eu encasqueto com uma ocorrência, eu costumo concluí-la.

O responsável-bem-humorado perguntou se eu tinha xingado o atendente do outro posto, ou algo do tipo, rindo muito da minha cara e dizendo que não, ele não tinha o tal boletim que o tal atendente-gentil-e-cordial me informou. Desliguei triste e desmotivada. Foram quatro ligações em vão em um dia que quase não tinha dado outros casos a se registrar.

Saio do trabalho às 18h, e às 17h40 o responsável simpático do posto matriz me liga. “É a moça que tratou mal o meu colega?”. Sim, ele estava realmente bem-humorado. Logo começamos a rir e ele disse que queria desfazer o mal entendido com o colega e me passar a ocorrência completa. Vocês não sabem o quão gratificante foi esse retorno. Os motivos são inúmeros, mas o mais importante para um jornalista é saber que conquistou uma fonte, mesmo ela não vendo sua onda no cabelo e as covinhas do sorriso. Ele realmente foi conquistado.

Peguei a ocorrência, e como disse no começo, não foi nada demais. Um motociclista que teria ficado preso embaixo de um ônibus, e sofreu ferimentos leves. Ele não tinha nem o nome do ferido ou o local para onde ele foi encaminhado, mas mesmo assim, foi um dos melhores retornos de fonte que eu já recebi na minha futura longa carreira, que inclusive completou recentemente um ano.

~A partir de hoje pretendo dividir com vocês o que acontece por trás da notícia. São muitas histórias além das que aparecem nos jornais e nos sites, e muito mais que isso, uma batalha imensa pela informação correta e completa. Bem-vindos ao meu mundo jornalístico a partir de agora, e boa viagem. ~