segunda-feira, 8 de março de 2010

Vida de gato


Devia ser equilibrada como um gato, que desfila por entre fios de nylon sem resbalar com um só pelo. Devia ser delicada como um gato, que gira o mundo sem que ninguém notasse seus marcantes passos. Eu poderia ser como um gato que ama à quem quer, sem medo das consequências.
Como um gato, eu poderia ser indiferente para quem é indiferente comigo.
Poderia deitar ao lado de quem precisa só pelo fato de lhe fazer companhia, virar-lhe as costas e, talvez, nunca mais aparecer. Poderia olhar fundo no olho de alguém sem a promessa da vida, sem o temor do futuro e sem ler seus pensamentos.
Queria ser como um gato, que vai e volta de onde quer e que por onde passa é lembrado, seja com ódio ou com muito amor. Queria ser como ele, que quando vai embora deixa um pedacinho de si com cada um que amou, que sofreu ou que apenas viveu.
Ser um gato é um trabalho árduo de prática constante.
Queria ser, mas não sou.
Talvez assim seja melhor, ou pior.

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