segunda-feira, 19 de julho de 2010

Nostalgia e tolerância

Nessas férias, assistindo muitos filmes, me sentia incomodada com os gritos das crianças na rua. Botei-me a observá-las. Parei e vi que eu estava sendo severa com meu julgamento. A 5 anos atrás era eu quem estava lá. Era eu e uma turma de mais umas 5 crianças. Cada um com uma idade diferente, mas isso não importava naqueles momentos. O que importava era juntar o maior número possível de gente pra poder jogar "alerta", "três corta", "gol a gol", "salva bandeira", "ABC" e por aí vai! A turma era grande mesmo.
Lembro que quando entrei na escolinha de vôlei, aos 12 anos, queria ensinar todos a jogar, queria ensinar técnicas e tudo mais. Os menores estavam adorando a idéia, até que um dia um deles chegou pra mim com uma fita de música (aquele negócio que era antes do CD, sabe?), dizendo que dessa fita a gente podia desenrolar a fita de dentro, que era gigantesca, e ligar um poste a um portão, formando uma faixa.
Essa faixa seria a nossa rede de vôlei! Todos acharam o máximo, porque finalmente havíamos conseguido algo que dividisse uma quadra e que não fosse de valor (pois outras coisas nossos pais confiscariam). Bem, aquela fita deve ter durado uns 2 dias, até que a esquecemos e um caminhão passou na rua arrebentando-a.
O vôlei continuou não por muito tempo, e a brincadeira de "gol a gol" voltou a prevalecer. Até que escolhemos o portão errado para chutar. Era o portão da "Bruxa do 71". Ela era chamada "carinhosamente" assim, lembrada pela personagem rabugenta que havia no programa do Chaves. Incrívelmente todas as bolas que lá caiam, estouravam. (Depois de muito tempo fomos descobrir que o que realmente estourava a bola de borracha era a roseira que a "Bruxa do 71" cultivava.)
Voltando a 2010.
Hoje as crianças aqui da rua brincam de "gol a gol" na porta da garagem da minha casa. E eu pergunto: "Mãe, como vocês aguentavam essas porradas da bola na porta?"
E ela disse: "Quando é o nosso filho, a gente não liga, pelo menos sabe que tá lá feliz e saudável".
Típica resposta de mãe, né?
Julguei errado mesmo, até dei um chingão neles, mas depois vi que posso tolerar isso. Tolerar porque sei que já fiz exatamente igual, e que meus filhos farão exatamente igual a mim e a eles.

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