domingo, 4 de janeiro de 2015

A menina e o bebê... de brinquedo


Nesse sábado eu me peguei babando, surpreendida e encantada com uma cena que há tempos eu não presenciava. Eu estava almoçando em um supermercado perto de casa, quando vi uma menina que tinha seus 11 anos, com uma boneca linda no colo e uma daquelas bolsas que mãe sai da maternidade, sabe? Os pais foram buscar a comida no buffet, e ela foi escolher uma mesa para sentarem. Porém, a primeira coisa que ela fez foi pegar uma cadeira daquelas mais altas para criança, e por a boneca. O bebê escorregava da cadeira, e ela, toda cuidadosa, colocou a bolsa de maternidade atrás, pra dar mais conforto ao brinquedo. Ela puxou a cadeira mais pra perto dela, como uma mãe, que puxa o bebê pro lado para dar a comida. Ela ajeitava a roupa, a faixinha na cabeça, e tirou uma fraldinha pra por embaixo do queixo do bebê. Apaixonada pela boneca, ela a olhava incansavelmente e lhe dava um golinho de algo que tinha na mamadeira rosa com estrelinhas. Quando os pais chegaram com a comida, ela começou a almoçar, e as vezes esticava o garfo pra fingir que fazia um aviãozinho com arroz para a boneca.

Só eu não vejo mais essas cenas? Eu apenas vejo crianças com tablets e celulares nas mãos, ranzinzas, sempre incomodadas e mimadas. O máximo de troca de carinho que uma criança tem com um tablet é um gato tolo em um aplicativo, que elas tocam e ele dá um pulo ou reclama. Falta sentimento, falta o lúdico, falta o toque, falta amor. Senti saudade do meu bebê da Estrela nessa hora, e me senti agradecida por ter nascido em um década que essas coisas ainda não dominavam tanto o ser humano.

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