segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Crônica de um peixe fora d'água


Eles chegaram para disputar um espaço de 2m x 1m. Só para sentar já foram 10 reais. Eles estavam com sede, de álcool e de água, ai foram mais R$ 5 e R$ 3, respectivamente. O sol estava lindo, e sedia lugar para quem quisesse chegar. Os corpos torneados de suplementos e bombas os deixaram mais bobos que Carnaval fora de época.

Cheirinho de camarão à milanesa, garrafas de espumante, sanduíches naturais, e um vendedor que bebia tanto quanto vendia. Se eles gastaram 13 reais para ficarem sentados sem a boca seca, os outros estavam dispostos a ficarem em pé exibindo seus corpos sarados e suas taças de plástico envoltas de adesivo caro por um preço bem salgado. O mar estava lindo, e esse, para vê-lo, incrivelmente, era de graça.

As bundas bonitas que queria saciar o calor na água, iam com os quadris duros, com medo de serem julgadas como gelatinas. Eles só observam, e riam. Era muita gente ostentando em um lugar só. A água estava terrivelmente gelada. Só com muito amor, digo um abraço quente, para querer aproveita-la. Não negaram que o local é cercado de beldades que durante o inverno ninguém sabe onde se escondem, mas que no verão tem ponto certo de encontro.

Uma delas acredita que a experiência valeu apena e que será repetida, mas o corpo ardendo do sol de domingo, ela prefere esquecer. Ela se sentiu um peixe fora d'água, e ficou com saudade dos rumos palhocenses quando teve que se refrescar no mar gélido.

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